Um pé de coqueiro solitário verga-se com o próprio peso e com o do tempo numa praia qualquer de Angola. Ele carrega consigo uma solidão tão imensa que confude-se com a própria solidão da história de fluxos e refluxos do país.
No final de cada dia, o sol banha-lhe com cores fulgurantes que aos poucos vão se transformando num carmim-alaranjado e vão deitar-se ao mar, como se dissessem:
-- Ai de ti, coqueiro, sempre preso nessa terra! Vem para cá, pois é do outro lado que ainda há tardes, que ainda há pessoas no banho de mar, que ainda se faz verão...
E o coqueiro, coitado, sempre dono de si e do tempo, olha para as cores e responde:
--Deixa estar, ó cores belas, tu também, daqui a pouco, será escuro.
E faz-se noite na terra das Palancas Negras.
3 comentários:
Escorre uma lágrima que brota d'alma do algoz que outrora lera o post. Caralho, eu fico meio pasmo com você às vezes X, com vontade de te encontrar só pra te irritar até você chorar. Um bejio.
epá, tás a poetar mesmo, como é então? muito giro esse esse post. Abs
Foi mais um rasgo de saudades, na verdade, meus amigos. Zé, vc não me irrita mais, eu garanto. Qd a gente se encontrar, vai ser só risadas.
F., e então, meu caro, os EUA quiseram ou não lhe receber?
Um abraço.
x
Postar um comentário