sexta-feira, 10 de setembro de 2010

E a vida continua... difícil

Só hoje me apercebi que o preço do combustível subiu 50% em Angola. Estando fora de Angola há algum tempo**, justifica-se esta minha distracção. Sem saber muito (para não dizer nada) sobre as razões desta subida tão drástica, prevejo já alguns problemas. Uma rápida pesquisa pela net, nos jornais de hoje, percebe-se que como sempre, o pobrezinho é que leva com a factura mais alta. O governo diz que os táxis não podem subir os preços. Hã Hã... Não podem. Imagino que não deve ter sido a primeira coisa que fizeram. E, como diziam alguns dos comentadores da notícia (sim, estou a referir-me ao jornal espectacular que tem os comentários livres a toda - e mais alguma - diarreia mental quando o assunto mete estrangeiros, com especial relevo para os da minha nacionalidade, oh yeah), pouca alternativa resta a quem realmente precisa do táxi para ir trabalhar. E aí, imagino, entrará a cooperação das empresas. Não sendo obrigatório pela lei geral do trabalho, o subsídio de transporte é prática comum nas empresas. Caso contrário, muitos dos trabalhadores gastariam grande parte dos magros salários em transportes. E, muito sinceramente, com uma subida tão brusca dos preços, não creio que os táxis aguentarão por muito tempo não subir os preços. Basta uma grevezinha, como aliás já aconteceu, para o governo perceber que afinal eles até dão jeito porque a malta precisa de ir trabalhar. E aí, começará o choradinho dos trabalhadores que mesmo que lhes seja prometido mais um subsídio extra caso sejam assíduos e pontuais, de forma a existir mais daquela coisa fixe chamada "produtividade" que geralmente, as empresas muito apreciam, estão-se mesmo a "fazer cocó" para o dinheiro extra e, continuarão a faltar ao ponto de em casos extremos, terem férias negativas. Como em muitos países, e aí incluo o meu com todos os seus defeitos, as consequências das decisões não são estudadas. Soluções alternativas? Não existem. Transportes públicos? Poucos, quase nenhuns. Regra geral, tão cheios que é difícil entrar mais um alfinete. Mas é esperar para ver as consequências desta decisão. Posso até estar enganadinha e tudo continuar maravilhoso como até agora.
**Ooooh... mas volto sim? ah ah ah ah (ler, em voz alta preferencialmente, como sorriso maléfico).

6 comentários:

Menina de Angola disse...

Migas, estava mesmo sentindo a sua falta nessa casa.

A desculpa para o aumento dos combustíveis foi a retirada do subsídio dado pelo governo.

A prioridade agora é investir esse dinheiro em escolas, saúde e claro no mega projeto do presidente de construir 1 milhão de casas, que diga-se de passagem está a todo o vapor.

Não que o governo vá mesmo construir 1 milhão de casas. No máximo serão umas 200 mil casas sociais a preço de US$ 60 mil. O restante cabe a iniciativa privada, por meio de subsidios do governo e ao cidadão, que é quem na verdade vai ser responsável por 65% da meta de 1 milhão de casas.

As construções auto dirigidas também têm subsidio do governo, com doação do terreno e financiamento dos materiais de construção.

Bem... para onde vai o dinheiro do combustível de verdade só quem viver verá.

Ah! Não posso deixar de comentar que o governos tem feito anúncios de página inteira no Jornal de angola para esclarecer a população pq o subsidio acabou.

Creio que grande parte da população não tenha a menor noção do que isso significa efetivamente, já que os mesmos não têm carro e imaginam que isso só vai interferir nos poderosos carrões que circulam pela cidade.

Depois da mega confusão que houve em Moçambique devido ao reajustes de preços é realmente surpreendente que por essas bandas ninguém nem se quer tenha tomado conhecimento desse aumento...

:)

m.Jo. disse...

E o dólar? Continua subsidiado?

Migas disse...

Menina, obrigada pelos esclarecimentos! Muitos "hummm's" para alguns objectivos que, a ser verdade, é boa notícia. Infelizmente, o que tem sido prática comum para essas casas de baixo custo, não é tão "cor-de-rosa" como seria de esperar mas, adiante que este não é o local ideal para este tipo de discussão... cof, cof

Quanto às notícias por cá, penso que não existiram. Mas, também se pensarmos, as notícias de Moçambique passaram cá porque existiram confrontos. Talvez se não tivessem existido, também não seria notícia. Por isso, desse ponto de vista, é mesmo melhor que eu não ouça falar desse aumento, cá nos jornais em PT.

P.S. antes da minha viagem, falei com a Jen. Quando voltar temos mesmo de combinar algo!!!

Olá m.Jo.! Sinceramente não faço ideia! Talvez a Menina saiba algo sobre isso ou, algum dos leitores! :o)

Beijos às duas!

Menina de Angola disse...

MJo subsiadissimo.... o oficial acho que ronda os 82 mas nao e dificil achar a 100...

Migas,,, pois nem sabes que e o grandao por tras das casas populares.. sim seu ex big boss..


beijos

Migas disse...

Menina... são sempre os mesmos. Sempre os mesmos. :o)

Engraçado, quando tens acesso às listas de casas de baixo custo, com os nomes dos proprietários e os sobrenomes... my god! Acho que nem vale a pena explicar o que têm os sobrenomes.

Mas, no entanto, pode ser que esse projecto seja diferente. Um dia, as coisas terão de mudar, não?

Menina de Angola disse...

Migas,

Olha no pouco que soube, parece mesmo que nesse projeto muitas coisas estão a ser pensadas diferentes. Por exemplo nao permitir que 1 pessoa tenha mais de uma casa. Ok, podes dizer é só por em nome de outra, mas bem veja lá que já é um começo quando começam a se preocupar com isso...

bj