sábado, 31 de outubro de 2009

Em directo, flashes de um ano que vai a enterrar


Meia-noite do dia 31 de dezembro de 2008. Pela "ecrã" da TPA, um grupo de mwangolês, tugas, brazukas, sul-africanos e gentes de outras etnias assistem o espocar dos fogos anunciando 2009 na Ilha de Luanda, "em directo". Todos estavam bem longe da cena mostrada na tv, mais exatamente num conjunto de lodges às margens do rio Kwanza.

Foi emblemática essa cena das duas belas apresentadoras na hora do "brinde" (um gesto que em Angola tem um significado dez vezes mais forte do que no Brasil), pois elas saudavam um ano que se anunciava - e comprovou-se - realmente promissor para todos que estavam ali, reunidos.

Daqui a dois meses vai ser reveillón de novo e será "altura" para fazermos, mais uma vez, um balanço do que conquistamos, deixamos para trás ou simplesmente esquecemos de cumprir entre aquelas mil promessas de ano novo que fizemos.

No meu caso - e essa é uma novidade que apresentou-se hoje - nunca essa caixinha de encantar seres humanos chamada "televisão", mostrada na fotografia, foi tão real e emblemática e presente na minha vida profissional, de novo, exatamente 10 anos depois.

Enigmático o post? "Em directo" a vida é muito mais.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Candongueiro também é ótimo fotógrafo

Uma cena baiana: J. estreia-se em grande no mundo da fotografia

No âmbito da realização do concurso fotográfico divulgado abaixo, a Casa de Luanda sente-se orgulhosa em publicar a fotografia de autoria do Candongueiro seleccionada no despique. A bela imagem de 2007 foi registrada em Capão, na Chapada Diamantina, estado da Bahia - uma província de Angola tão legítima como o Huambo, Moxico, Benguela, Namibe...

África entre nós, do lado de cá

Foto: José Carlos da Silva
A Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, por meio de sua Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias, lançou em todo o País a Campanha Fotográfica África em Nós, durante os meses de junho a outubro do ano em curso, convocando a população a mostrar, por intermédio da fotografia, o que ela vê, sente e compreende sobre a presença e a herança africana no nosso dia a dia.

A proposta da campanha foi de um exercício de valorização da nossa grande diversidade cultural, pois esta África em Nós não esta mais sozinha, ela está misturada, transformada e refeita dentro da cultura nacional. Para a seleção das 100 melhores fotos, escolhidas por uma comissão julgadora, foram utilizados critérios como: concordância com o tema definido na campanha; criatividade; originalidade; estética; qualidade fotográfica (técnica); relevância da mensagem de prevenção e qualidade informativa.

As 100 melhores fotos serão publicadas em um livro e vão também integrar uma exposição, dentro da programação cultural do Mês da Consciência Negra, celebrado em novembro.
O Concurso recebeu o espetacular número de 7.320 fotografias, destacando-se para o seleto grupo das 100 fotos pretendidas, a fotografia “Calvário”, de autoria de José Carlos da Silva – Natal/RN.

Informações retiradas do blog do competentíssimo fotógrafo potiguar Canindé Soares.

domingo, 25 de outubro de 2009

Está cada vez mais difícil ser jornalista no mundo


Como a maioria deve saber, boa parte dos moradores desta Casa é jornalista. Ela foi fundada por um dos melhores que conheço e também é muito visitada por essa "malta" que vive de escrever, fotografar, reportar... Por isso, a notícia abaixo nos preocupa bwé: trabalhar com notícias está cada dia mais difícil, seja na civilizada Europa, na sofrida África ou nesse gigante adormecido chamado Brasil. Leia com cuidado os dados, divulgados pela organização Repórteres Sem Fronteiras. No caso do Brasil, a corrupção seria infinitamente maior se não tivéssemos uma imprensa tão vigilante. Cochilou, a gente divulga, é regra por aqui, como vocês podem perceber pelo blog. Mas, onde ainda se trabalha com uma mordaça na boca, nada vai melhorar por muitos longos anos, pode ter certeza.

Pelo segundo ano consecutivo, Portugal desce no ranking dos países que mais respeitam a liberdade de imprensa. Em 2007 desceu 8 pontos, passando do 8o país do mundo onde mais se respeitava a liberdade nos meios de comunicação social para o 16o.

Este ano, segundo análise feita pelos Repórteres sem Fronteiras (RsF), Portugal desce do 16o para o 30o lugar, ficando a par com o Mali e Costa Rica.

No conjunto da Europa, não só Portugal desceu no ranking, mas também, conforme afirma o secretário-geral da RSF, Jean-François Julliard ,«França, Itália e Eslováquia têm vindo a cair sistematicamente de posição no ranking, ano após ano», alertando para que os jornalistas continuam a ser ameaçados fisicamente em países como Itália (49o lugar) e Espanha (44o).

«A Europa deveria dar o exemplo no que respeita às liberdades civis. Como se podem condenar violações de direitos humanos fora de portas, quando não se tem um comportamento irrepreensível em casa?», Julliard, sublinhando que a principal ameaça provém das «novas leis que têm vindo a ser adoptadas».

Relativamente aos países de língua oficial portuguesa referidos no estudo, Cabo Verde está na 44a posição, o Brasil ocupa a 71a, seguido de Timor-Leste, na 72a. Depois surge Moçambique na 82a posição e dez posições abaixo, a Guiné-Bissau.

Angola ocupa o 119o lugar.

Esta tabela faz parte do relatório divulgado anualmente pela organização, elaborado com base em questionários a centenas de jornalistas e especialistas dos meios de comunicação internacionais.

Este ano, o país que lidera o ranking de 175 países analisados é a Dinamarca, enquanto que Cuba, China, Irão, Birmânia, Coreia do Norte e Eritreia estão entre as últimas posições.

sábado, 24 de outubro de 2009

Unidos no fosse entre pobres e ricos


Filho de uma Quinguila e carrão de luxo, lado a lado: choque de realidade

De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), numa escala de 0 a 100, Angola apresenta um índice de desigualdade entre ricos e pobres de 58,6, os mais pobres têm uma taxa de consumo de 0,6 por cento enquanto a dos ricos é de 44,7 por cento.

Logo a seguir a Angola vem o Brasil com um índice de desigualdade de 55 e uma diferença entre as taxas de consumo de pobres e ricos de 41,9 por cento. Os pobres apresentam uma taxa de consumo de 1,1 e os ricos 43 por cento, tendo-se verificado uma subida de dois pontos relativamente a 2008.

Cabo Verde é o terceiro país lusófono com o maior fosse social, com 50,5 pontos no índice de desigualdade. Os mais pobres têm uma taxa de consumo de 1,9 por cento e os mais ricos de 40,6. Já Moçambique, que surge na lista a seguir a Cabo Verde, apresenta-se com uma desigualdade de 47,1, seguido de Timor-Leste e por fim da Guiné-Bissau, sendo este o país que apresenta menor fosso social.

Relativamente a São Tomé e Príncipe, não consta no relatório por não existirem dados disponíveis.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

No Chill Out, o sábado é sempre em grande

Dia desses, lembrei com muitas saudades dos agitos da Ilha, nomeadamente a noite de sábado no Chill Out, quando fecha o restaurante e vira uma discoteca metida à besta, cara até não dizer mais (USD 30 dólares, só para surgir e sorrir) e cujos critérios de seleção para saber quem entra rápido ou fica mofando na fila são mais abstratos do que os utilizados pela Real Academia de Ciências da Noruega para entregar o Nobel a Obama, recentemente.

Se você é homem, branco, e vai lá desacompanhado, fica no mínimo uma hora na fila para entrar. Se chega acompanhado de uma dama – seja ela uma catorzinha angolana ou uma brasileira mais saliente – passa na frente de todos e vai ser feliz imediatamente. No zunzunzun do sereno, carteiradas, sabem com quem está falando, conversas ao pé do ouvido e, claro, flertes, muitos flertes. Casais de angolanos bem nascidos não ficam um segundo à espera.

Lá dentro, um mundo artificial formado pela mistura de mwangolês com expatriados chama atenção. Todos estão no desespero para ver e ser visto, acabar a noite bem, no sentido bíblico, se os leitores inteligentes dessa Casa compreendem. Nuvens de catorzinhas diáfanas sobrevoam tugas horríveis nas suas camisas xadrezes de manga curta. Brasileiros mal-educados, por seu turno, diluem-se em litros de uísque e passam a se sentirem um Rockefeller da vida. Os de Pernambuco são os piores. Os papos geralmente começam em inglês e depois evoluem para a língua de Camões, sempre com a clássica pergunta: “você está em Angola há quanto tempo”?

O tumps-tumps das “mesas misturadoras” é ótimo. DJs evergando camisetas geralmente da grife Dolce & Gabanna fabricada no Dubai ou na China, além de óculos escuros imensos e cintos dourados, fazem às vezes de Jesus Luz - o namorado brasileiro da Madonna que agora meteu-se a Malvado - sem perceberem que nós notamos que tudo tocado ali é playback. Ah, que saudades do Kuduro sampleado ou da última versão de um house tocado no ultimo verão em Ibiza tendo o mar ao pé de si no Chill Out...

A noite avança... O uísque faz efeito...

Numa rodinha, um grupo de curitibanos – chatos como só um carnaval ao lado de uma namorada com TPM pode rivalizar – destilam pérolas como “ah, eu não vejo a hora de ir de férias para o Brasil”. Do lado, uma portuguesa afirma, em alto e bom som: “gostava imenso de conhecer um brasileiro mais a fundo…”. Então tá, vamos nessa. Quando toca o Créu, caem por terra os 500 anos de educação promovidos pela colonização nos dois lados do mar, isso tudo nas tais cinco velocidades.

No final da festa, lá pelas cinco da manhã, jipes imenos enfileira-se à porta, à espera que os grupinhos que se formam na calçada – a hora final é a de maior desespero, pois agora só sábado que vem, por isso ainda dá tempo – decidem se vão todos para o Talatona ou a baladinha pode continuar por ali, pela cidade, nos domínios de quem tem mais privacidade e não precisa dividir 100 metros quadrados com mais seis pessoas.

No final do dia, alguns integrantes dessa peça de teatro que tem lugar todos os sábados no Chill Out encontram-se num dos vários restaurantes da Ilha e, de óculos escuros, nem confiança para os demais.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Na guerra, uns choram. Outros, vendem lenços

A Caras brasileira deu uma capa para o desfile da grife O Bicho Comeu, de propriedade da irmã de Xuxa, Solange Meneguel, em Luanda, há duas semanas. O texto abaixo é o da revista.

Cerca de 50 crianças, a maioria de Angola, participaram do desfile. "Elas são espontâneas e têm uma alegria contagiante. Houve uma identificação imediata com o nosso estilo. Todas adoraram as roupas. E fiquei feliz de poder contribuir de alguma forma para manter o alto-astral delas. São meninas muito vaidosas", contou Solange, que, no mesmo dia, inaugurou uma loja no Belas Shopping, a primeira internacional da Bicho Comeu.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O coqueiro e as luzes do crepúsculo


Um pé de coqueiro solitário verga-se com o próprio peso e com o do tempo numa praia qualquer de Angola. Ele carrega consigo uma solidão tão imensa que confude-se com a própria solidão da história de fluxos e refluxos do país.

No final de cada dia, o sol banha-lhe com cores fulgurantes que aos poucos vão se transformando num carmim-alaranjado e vão deitar-se ao mar, como se dissessem:

-- Ai de ti, coqueiro, sempre preso nessa terra! Vem para cá, pois é do outro lado que ainda há tardes, que ainda há pessoas no banho de mar, que ainda se faz verão...

E o coqueiro, coitado, sempre dono de si e do tempo, olha para as cores e responde:

--Deixa estar, ó cores belas, tu também, daqui a pouco, será escuro.

E faz-se noite na terra das Palancas Negras.

sábado, 17 de outubro de 2009

Há um ano, mais ou menos...na Ilha


...Essas duas figurinhas aterravam em Angola com um único propósito: mostrar para nós como a vida é cheia de som e fúria.

PS: essa foto eu tirei escondido deles, num dia que tentamos ir à praia na Ilha de Luanda e não conseguimos, dado o engarrafamento. Gostava imenso de ofertar-vos agora, um ano depois.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Notícias do triângulo Angola-Brasil-Portugal

A semana (iniciada hoje no Brasil, por causa do feriado) começa farta de notícias que juntam os três vértices do triângulo num só saco de gatos. Confiram (os títulos levam para as reportagens originais):

O publicitário baiano Duda Mendonça abriu uma filial da sua agência em Lisboa e já está causando polêmica. Não faço a menor idéia do que seja esse tal de Pingo Doce (tampouco a matéria do Económico explica), mas os leitores podem nos ajudar? Os tugas precisam dar um desconto ao baiano, o cara é muito bom.


Est ouvert officiellement par le maire de Bordeaux Alain Juppé, le Ministre de la Culture et de la Communication Frédéric Mitterand, et le Commissaire général Didier Faustino. Guidé par le commissaire de LUANDA SMOOTH AND RAVE Fernando Alvim et avec la gouverneure de la ville de Luanda Francisca do Espírito Santo, ils sont passé par le Grand Théâtre pour une visite a notre exposition.
Fotos do evento aqui.

Roberto Leal vira discípulo do Candongueiro
Eu devo ter tomado alguma coisa estragada: nesse momento, na SIC, passa um clip de Roberto Leal cantando com sotaque brasileiro a música "Procurando Tu". O Cenário são as ruas de Lisboa (belíssima à noite) e aquele que por muitos anos foi o grande embaixador de Portugal no Brasil, vejam só, está em busca de...uma linda dama angolana, daquelas de deixar o Candongueiro à beira de uma síncope nervosa. Uma catorzinha de derreter catedrais. A moça insinua-se para o Tuga mais Brasileiro que já existiu em vários sítios: na Torre de Belém, nos Jerónimos, no Chiado, no elevador de Santa Justa...no final... Não encontrei o vídeo no Youtube, mas valapena assistir este.
Na mesma SIC, de instante em instante, dois comerciais ótimos sobre Angola. Um sobre aquele prédio de luxo que está subindo ali próximo ao Miramar e outro sobre as facilidades de se retirar o Bilhete de Identidade. Nem parece que há qualquer burocracia no país. Para matar as saudades do sotaque, como diz o F. Vamos ver se o vídeo cai no youtube.

The New Yorker mostra o lado mais cruel do Rio de Janeiro.
Depois da euforia da escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016, banho de água fria da revista The New Yorker com essa reportagem aqui, sobre A Terra das Gangues (Nada a ver com calças de ganga, hein meus amigos?).

Xuxa dança Kuduro em Luanda no Dia da Amizade


Dica da Kianda, nossa amiga na Tuga.
Gostei imenso.

sábado, 10 de outubro de 2009

Feliz dia da Amizade Brasil Angola

Acabo de ver na TV os preparativos para o show da Amizade Brasil-Angola, que deve estar acontecendo exatamente neste momento em que escrevo, no estádio dos Coqueiros, tendo a Xuxa como uma das atrações musicais.
Daqui, do lado de cá, mando todos os abraços e votos de felicidade para esse povo tão querido, tão amigo, tão irmão. Estamos juntos, angolanos!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Aos que pensam em viver em Angola

Tenho recebido muitos comentários de pessoas que cá chegam em busca de informações sobre Angola. Geralmente receberam proposta de emprego e estão nas dúvidas que assaltam a alma em momentos de grandes mudanças. Normal.

O que eu poderia dizer?

Aceite o desafio. Mas só o faça certo de que deixa no Brasil, em Portugal, onde quer que esteja, os medos que tantas dúvidas lhe trazem. Porque mudanças são difíceis, para qualquer lugar do mundo. Nenhum povo é igual a outro; misérias, riquezas, costumes, tudo é diferente.

Mude-se para Angola com o coração aberto para amar o sotaque, as comidas, a inocência escancarada do angolano comum; mude-se para Angola aberto a entender a frieza, a distância, os medos de uma gente que por séculos não teve em quem confiar; entender e aceitar que não se apaga tanta dor de tanta guerra tão facilmente.

Vá disposto a aprender muito, porque Angola tem mais a lhe ensinar do que os diplomas que carrega. Vá pronto a ser mudado, mais do que a mudar.

E enquanto lá estiver, liberte-se de Luanda. Deixe-se perder pelas províncias tão belas e tão puras. Viva Angola intensamente, cada segundo. Porque quando a hora chegar, antes do que você espera, poderá levar na bagagem, em lugar de engarafamentos, preços altos, faltas de água e luz, a alegria das Mumuílas diante da câmera, a lembrança do vento fresco da Serra da Leba no rosto, o deslumbre da luz nas tardes de Luanda.

E partirá, então, cheio de saudades, mas feliz por saber que ajudou a transformar, pelo menos, um Triste em Forte.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Agora os petits-fours, inimigos mortais de qualquer dieta e templos da perdição em dois endereços

O bolo de aniversário da Menina Yara, embaixadora da Banda Calipso: saudades de uma tarde de brindes em grande
A montra escandalosa da Nila, no Zé Pirão: atores de novelas falsos, flertes no fim de tarde e o pecado da gula

Palmieres, rocamboles, pastéis de nata e toda a sorte de gulodices do Três em Um, na rua do Martal:
templo da filosofia dos dias iniciais

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Semana de Gastronomia na Casa de Luanda

Sobremesa divina e das estrelas, preparada por mãos de fadas
Ilha de camarão, pela ocasião do lançamento do JE, numa gala no Tropical
Paella feita pelo G., pela ocasião da despedida de toda a gente

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Petróleo, diamantes e musseques

A agência Habitat, das Nações Unidas, divulgou ontem o relatório "Planejando Cidades Sustentáveis", no qual sustenta que 200 mil pessoas no mundo deixam o campo todos os dias para viver em cidades - que obviamente não estão preparadas para recebê-las. O resultado disso é o crescimento assustador do número de pessoas a viver em moradias precárias - as favelas brasileiras, os musseques angolanos.

Em África estão os cinco países com os maiores percentuais mundiais de habitantes vivendo nessas condições. Serra Leoa, onde 97% da população é favelada, lidera o ranking.

Angola, o segundo maior produtor de petróleo de África, o terceiro maior produtor de diamantes do mundo, ocupa o 4o lugar da lista: 86,5% da população vive em musseques.

Antes que saiam já a criticar o brasileiro, de que só fala mal de Angola e esquece os seu país, coisas que cansei de ler por aqui: no Brasil, 29% da população é favelada. O que não é nenhum alívio, já que em números absolutos dá pouco mais de 55 milhões de pessoas - o equivalente a mais de quatro vezes a população total de Angola.

Agora, em grande, um post sobre alta gastronomia

Salmão ao molho de alcaparras com verduras do Cais de Quatro: chef estrelada

Uma das primeiras brasileiras fora do circuito guest-house que conheci em Luanda foi Caroll Bessa, chef do Cais de Quatro, indicada pelo meu amigo David Braga. Há anos morando em Angola (continuará por lá?), essa paulistana com garfo e faca tatuado no pulso revolucionou a gastronomia local ao utilizar elementos da cozinha fusion nas suas criações e aos domingos mata as saudades dos brazukas com um buffet de comida brasileira - a melhor do mundo, diga-se de passagem. Essa criação bonita aí da foto, "na altura', saiu por míseros USD 100. Com o vinho que tomamos, a contita foi para USD 150. Um parâmetro econômico muito louco.


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Na galeria das saudades

Já que o blog anda meio nostálgico esses dias, vou postar duas fotos de Luanda, mas precisamente da Av. dos Combatentes.

Recebi essas fotos por e-mail e não sei quem foi o autor. Caso o mesmo se identifique terei o maior prazer em colocar os créditos.

Como dizem por ai: uma imagem vale mais do que mil palavras, então deixo de lero lero e envio as imagens...


Av. dos Combatentes, meados dos anos 70


A mesma Av. dos Combatentes nos dias de hoje...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Brincadeiras linguísticas


Propaganda da Coca-Cola em Luanda com "Frescura" no lugar de gelado. E o sexo oral, você pratica?

O vídeo postado pelo F. despertou realmente uma saudade imensa do sotaque angolano e me fez parar para pensar nas influências linguísticas que carregaremos para sempre aqui no Brasil depois de viver nessa terra.

Não podemos mais nos encontrar nos MSNs e Google Talks da vida que a Ju já vai dizendo:

-- Xuxis, tás em que altura?

Uma pergunta dessa não faz o menor sentindo para um brasileiro que nunca tenha conversado dois minutos com um português ou com um angolano. Na primeira vez, fica-se "boiando" mesmo, ou melhor, "sem perceber" (outra pérola!). Geralmente a resposta é: "no quarto andar do meu prédio".

Já a Branquela, sai-se sempre com essa, quando comenta-se qualquer coisa sobre ela, "nomeadamente" sobre os seus vestidinhos diáfanos: "Tás a me aldrabar". Meu Deus, como é difícil pronunciar esse verbo! Eu nunca consegui.

"Meter" é outra expressão absurdamente horrorosa, que faz corar o mais hypado dos clubbers da envergadura do Zé Kalango.

Hoje mesmo, li num jornal daqui uma expressão muito recorrente na nossa velha redação da Rey Katyavala: "toda a gente". Fez-me lembrar um episódio hilário, vivido por este datilógrafo num restaurante de Lisboa. Um grupo de seis brasileiros, falando alto como se estivesse em casa, sai-se com essa:

--Vamos todo mundo para a Alfama?

E o garçom, uma criatura bem abusada, certo de que "ao pé de si" estava todo o império português e a cartilha que ensinou o beabá a Eça de Queiroz, deu-nos uma lição:

-- Esses brasileiros são muito "giro" (já me imagino uma carrapeta): seis pessoas numa mesa e tratam-se por "todo mundo"!

Ahahaha. Era para ter dido "toda a gente" mesmo, mas não sabemos fazer isso.

Voltando ao vídeo, a melhor coisa é quando a apresentadora chama os alunos da "Universidade de Dúvidas e Omissões" de Luanda para ajudá-la a reponder sobre esse tema muito "giro":

-- O sexo oral, você pratica? (percebe-se aí a influência totally brasileira, pois não?)

Se depender as propagandas de gasosa e sorvete que vimos por aí... a questão está respondida.