Depois de praticamente um mês de negociações, idas e vindas de amigas à Lisboa, encontros e desencontros, caiu-me hoje às mãos o livro Aerograma, de Afonso Loureiro.
Filho direto do fabuloso blog de mesmo nome, listado ao lado, o livro de Afonso, já nas primeiras páginas está sendo, para mim, uma leitura misturada de alegrias e saudades desta terra distante que nos uniu a todos, os desta Casa, os dos outros blogues, os que ficaram, os que foram para outras paragens.
Tantas, tantas saudades...essa coisa que só quem se expressa em Língua Portuguesa sabe o que é...
Vou ler o Aerograma à maneira de Clarisse Lispector: aos poucos, poupando as páginas, para que a história não chege ao fim logo. E, de propósito, deixar o livro escondido em alguma gaveta de casa só para depois ter a grata supresa de encontrá-lo de novo.
A relação da Casa de Luanda com o Aerograma, na verdade, sempre foi muito esquisita. O Afonso chegou em Luanda pela mesma época que a maioria de nós, julho de 2008, mas só encontrou com um ou dois moradores daqui uma única vez. Não faço a menor idéia de o autor está mais para o look do Ricardo Pereira ou o aplomb do Zé Socrates. Virtualidades...
De longe, o rapaz sempre mostrou-se mais observador e narrador da realidade angolana - sem tintas para nenhum lado, como é hábito de quem abre um blog - mil vezes melhor do que nós, um bando de jornalistas, na sua maioria.
Até hoje desconfio que o Afonso é jornalista também. Escreve muito bem o rapaz.
Sem contar o manancial incrível de fotografias do blog, algumas delas copiadas sem a menor vergonha por jornais angolanos, a ponto do autor tomar a drástrica - e para nós gozadíssima - decisão de colocar uma marca d´àgua nas fotos.
De longe, à princípio, percebe-se logo o olhar humanista de Afonso, ao observar e escrever no blog e no livro coisas como:
"Percebo o sentimento dos que falam de África com um sorriso e um lágrima".
O que é, hoje, o blog Casa de Luanda senão só isso?
Ou ainda:
"Dizem que no dia que se chega a um país sabemos o suficiente para escrever um livro, mas que ao fim de um mês o conhecimento só enche uma página e ao fim de um ano escrevemos uma linha, a custo."
É isto mesmo: quanto moradores desta Casa não escrevem mais uma linha?
Parabéns, Afonso, por escrever este belo registro sobre esta terra que todos amaremos para sempre e por fazê-lo chegar até aqui, nesta outro ponta do triângulo chamado Brasil.
O livro pode ser adquirido através da loja virtual do Aerograma (http://aerograma.net/livro), ou nas seguintes livrarias:
- Livraria Nazaré e Filho, na Praça do Giraldo, 46 – Évora - Livraria Apolo 70, Centro Comercial Apolo 70 – Lisboa - Livraria Diário de Notícias, Praça D. Pedro IV, 11 – Lisboa - Livraria Oficina do Livro, Praça D. Pedro IV, 23 – Lisboa - Livraria Portugal, Rua do Carmo, 70 – Lisboa - Livraria Círculo das Letras, Rua Augusto Gil, 15B – Lisboa - Livraria Barata, Av. de Roma, 11A – Lisboa - Natureoffice, Av. 5 de Outubro, 12E – Lisboa
2 comentários:
O "rapaz", que não é jornalista, manda um abraço à Casa de Luanda. Todos os seus moradores foram uma referência para o Aerograma.
Angola deixa marcas fundas e, apesar de ter começado apenas como um blog, depressa percebi que tinha de continuar a registar o que me rodeava, para não chegar ao ponto de não conseguir escrever uma linha. Acabou por se transformar num livro, que espero vir a agradar leitores do triângulo Angola-Brasil-Portugal.
Um abraço,
Afonso Loureiro
Segui o Aerograma, como segui esta casa.
E continuarei a seguir desde que regressei a este país após um ano na tuga... As saudades batiam fortes!
Angola não se descreve, vive-se.
Postar um comentário