Começa uma nova guerra

Acabou de passar uma longa reportagem no Jornal Nacional, da TV Globo, sobre "a África que fala português". Ela faz parte de um conjunto de matérias sobre o continente que a maior emissora brasileira está fazendo essa semana para marcar a estréia do correspondente Renato Ribeiro em Joanesburgo, na África do Sul. No ano passado, a Record já tinha feito o mesmo.

Pois bem, qual foi a cereja do bolo da reportagem de hoje? Luanda, Angola, que nas palavras de um construtor brasileiro é "o eldorado do mundo hoje". Não faltaram imagens do Shopping de Belas, dos cabelos "brasileiros" nas angolanas, de cenas de interiores com famílias vendo novelas e todos aqueles cliclês que a gente não agoenta mais, mas que é sempre bom revisitar.

De acordo com a reportagem, tudo faz parte da estratégia da emissora carioca como preparação para a Copa de 2010. Mas, na verdade, como diz um amigo meu, "a água está batendo na bunda" da TV Globo na África, especialmente em Angola, país onde ela tem o maior número de assinantes no seu canal internacional mas, mesmo assim, a TV Record dá um banho de audiência com seus "Mutantes" e o inesquecível programa apresentado por uma tuga chamado "Mwnagolê de Sucesso" (a-do-ro o Mwangolê, Menina, grava e traz pra mim?) Tudo capitaneado, claro, pela Igreja Universal do Reino de Deus.

Em Portugal está ocorrendo a mesma coisa. Record instalou por lá o comediante João Kléber (alguém ainda ri com os trotes dele?) e a Globo mandou o correspondente Pedro Bassan desembarcar em Lisboa logo em seguida. Ninguém agoenta mais matérias sobre bacalhau, Bassan.

Está na hora, na verdade, das duas emissoras enxergarem o óbvio, e basearem correspondentes em Luanda, como fazem SIC e RTP, pois não há nada melhor desse mundo do que, do lado de cá, ver como são belas as aves que gorjeiam por aí. Aguardemos os próximos rounds dessa luta de gigantes.