quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Brincadeiras linguísticas


Propaganda da Coca-Cola em Luanda com "Frescura" no lugar de gelado. E o sexo oral, você pratica?

O vídeo postado pelo F. despertou realmente uma saudade imensa do sotaque angolano e me fez parar para pensar nas influências linguísticas que carregaremos para sempre aqui no Brasil depois de viver nessa terra.

Não podemos mais nos encontrar nos MSNs e Google Talks da vida que a Ju já vai dizendo:

-- Xuxis, tás em que altura?

Uma pergunta dessa não faz o menor sentindo para um brasileiro que nunca tenha conversado dois minutos com um português ou com um angolano. Na primeira vez, fica-se "boiando" mesmo, ou melhor, "sem perceber" (outra pérola!). Geralmente a resposta é: "no quarto andar do meu prédio".

Já a Branquela, sai-se sempre com essa, quando comenta-se qualquer coisa sobre ela, "nomeadamente" sobre os seus vestidinhos diáfanos: "Tás a me aldrabar". Meu Deus, como é difícil pronunciar esse verbo! Eu nunca consegui.

"Meter" é outra expressão absurdamente horrorosa, que faz corar o mais hypado dos clubbers da envergadura do Zé Kalango.

Hoje mesmo, li num jornal daqui uma expressão muito recorrente na nossa velha redação da Rey Katyavala: "toda a gente". Fez-me lembrar um episódio hilário, vivido por este datilógrafo num restaurante de Lisboa. Um grupo de seis brasileiros, falando alto como se estivesse em casa, sai-se com essa:

--Vamos todo mundo para a Alfama?

E o garçom, uma criatura bem abusada, certo de que "ao pé de si" estava todo o império português e a cartilha que ensinou o beabá a Eça de Queiroz, deu-nos uma lição:

-- Esses brasileiros são muito "giro" (já me imagino uma carrapeta): seis pessoas numa mesa e tratam-se por "todo mundo"!

Ahahaha. Era para ter dido "toda a gente" mesmo, mas não sabemos fazer isso.

Voltando ao vídeo, a melhor coisa é quando a apresentadora chama os alunos da "Universidade de Dúvidas e Omissões" de Luanda para ajudá-la a reponder sobre esse tema muito "giro":

-- O sexo oral, você pratica? (percebe-se aí a influência totally brasileira, pois não?)

Se depender as propagandas de gasosa e sorvete que vimos por aí... a questão está respondida.

4 comentários:

Menina de Angola disse...

kkkk tem duas expressões aqui que eu adoro:

- Tá tudo?
_ Ta tudo!

Ainda?
Ainda!

kkkkkk

bj

zé maia disse...

Eu lembro de um diálogo que valeria um post (se eu fizesse posts sobre diálogos).

— passa-me a lapiseira
— ã?
— naopercebi
— ã?
— naopercebi
— ã?
— naopercebi
— ã?
— naopercebi
— ah, a canaeta?

— naopercebi
— ã?
— naopercebi
— ã?
— naopercebi
— ã?
— naopercebi
— ã?
— naopercebi

— toma a caneta!

Ju Borges disse...

sabe que várias vezes eu me pego falando naoprcbi quando nao entendo algo? nao valapena

F. disse...

Sem falar no coiso, sobre o qual a P. escreveu no ano passado...http://casadeluanda.blogspot.com/2008/05/dilogos-roubados-com-vocs-o-coiso.html