sexta-feira, 18 de julho de 2008

Dois versos em cada cigarro

Eu hoje li uma história escrita por Gabriel García Márquez, depois de se encontrar com Agostinho Neto, em meados de 1976. Não sei é verdadeira. O escritor colombiano a conta como se a tivesse ouvido da boca do herói angolano.

Durante os anos em que ficou preso, Agostinho Neto (para mais referências, leia estes posts sobre a independência e sobre uma polêmica recente) foi proibido de escrever. Ele então compunha seus poemas com letras miúdas, em pequenas tiras de papel, e os escondia enrolados dentro de um cigarro.

Às vezes, só havia dois versos em cada cigarro.

Quando sua esposa, Maria Eugênia, ia visitá-lo, ele lhe oferecia um cigarro. Ela o levava sem acendê-lo, porque sabia que era o dos versos. Em sete anos de cárcere, ele escreveu “Sagrada Esperança”, seu livro de 49 poemas.

Achei que devia reproduzir aqui esta história porque revela muito sobre a forma como este país conquistou a sua liberdade. E porque lembranças desse tipo andam a fazer muita falta nestes tempos entorpecidos de capitalismo selvagem.

6 comentários:

Anônimo disse...

Interessante!
Quantos cigarros ele teve que fazer, hein!

Migas disse...

F., achei esta história a mais bonita que li nesta casa! :o)

F. disse...

Taí Paty, não tenho idéia. O García Márques não apurou esse dado.

Migas, também achei essa história demais. Bem que o Gabo podia voltar aqui agora para escrever sobre as diferenças entre hoje e 76, né?

Bjs.

Anônimo disse...

Grande História! Lindo!

Anônimo disse...

Realmente muito interessante. Sempre há uma forma de se expressar as idéias.
chr

Anônimo disse...

cara muito loco meo to doidao