terça-feira, 15 de julho de 2008

Estereótipos – Parte 2

J. (aquele o professor deste outro post, lembra?) chegou na universidade e durante duas semanas, sua sala permanecia vazia. Só podia ser culpa do atraso em sua chegada, pensou. Como o semestre iniciara sem aquela disciplina, talvez ninguém soubesse que finalmente o professor chegara.

Mas intrigava-o uma coisa. De quando em quando um jovem colocava a cabeça pela porta, olhava pra ele, ia embora. Resolveu investigar e, advinhem?

Os alunos passavam pela sala para ver se afinal o tal professor brasileiro havia chegado. Olhavam para ele e, claro, só poderia ser um estudante angolano. Um negro brasileiro, ainda jovem daquele jeito, não seria professor universitário. Muito menos de uma das instituições mais respeitadas do Brasil. Afinal, eles assistem às TVs brasileiras e o Brasil é um país de brancos.
Ah essa TV brasileira...

5 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, isso é uma imagem infeliz que passam do Brasil. Logo o nosso Brasil, onde a mistura de raças é tão presente...
Eu já tinha me esquecido porque nào tínhamos Globo há 3 anos, mas recentemente, compramos o aparelhinho e percebi que é verdade. O pior é que não sei se é impressão minha ou se realmente estão diminuindo a quantidade de pessoas de outras raças nas novelas. Triste mesmo.

Migas disse...

Acabadinha de chegar F.! Ainda espreitei a casa durante as férias mas nem deu para comentar! :o)

Eu não conheço o Brasil (ainda) mas, tenho a ideia que há muita mistura de cores e claramente muita influência africana. No que vamos vendo na TV penso que dá para ter essa ideia (pelo menos os europeus). Mas curiosamente, um colega meu sul africano já referiu que em Benguela, "as mulatas parecem brasileiras". Ou seja, a ideia dele é que os brasileiros tem a pele morena... Conclusão (minha), não será preconceito do angolano? Não querendo levantar polémica, tenho a ideia que muitos angolanos não "admitem" ser orientados por negros achando que os brancos é que "sabem" mais. Será que me fiz entender?

Abraço e, até já!

Anônimo disse...

acho estranho, F.
quando vi reportagens sobre Angola, na mesma globo, eles pareceram tão identificados com os brasileiros e muito empolgados com a presença de negros (Lázaro Ramos, por exemplo)em algumas novelas. Lembro também de já ter ouvido falar que os Angolanos sabem que a maioria dos escravos vindos para o Brasil eram de origem angolana e, por isso mesmo, chamam o Brasil de país irmão.
Esse teu post me deixou desanimada e pasma com o poder de alienação que a globo possui.
abraços para vcs.

Anônimo disse...

O professor esqueceu de usar um crachá bem grande:"SOU O NOVO PROFESSOR".
chr

Anônimo disse...

Isto de raças é muito complicado, existe racismo branco, a maioria, mas, também há muito racismo negro.Em Angola, quem "mandou" durante 500 anos foi o branco e ainda por cima com o chicote.O Povo angolano sempre teve admiração pelas coisas do Brasil, porque sempre soube que os seus avós, pais e outros parentes atravessaram o oceano e foram para o lado de lá, viver em escravidão. Entao, quando vê um negro na telenovela brasileira bate palmas, mas habituou-se a vê-los como criados, amas de crianças brancas, motoristas, prostitutas ou ladrões.Se vê um negro brasileiro professor não acredita.Claro que isto vai passar, mas é preciso dar tempo ao tempo. O mesmo se passa em Portugal e dizem que é mais avançado que Angola.