A rua onde moramos amanheceu movimentada hoje. Logo às 8h, o guarda de uma das casas abriu fogo. Foram dois ou três tiros de pistola, seguidos por uma rajada de AK 47. Como se tratasse de casa de um general das Forças Armadas Angolanas, atualmente também deputado, em poucos minutos o bairro estava cheio de unimogues da Polícia Nacional.
Os policiais cercaram a casa, mas ninguém ousava entrar. Dali a pouco chegaram quatro motocicletas dos Ninjas, a Polícia de Intervenção Rápida, uma espécie de Bope da meganha angolana. Do lado de fora, as aspostas corriam soltas.
- Vão lhe passar. Este gajo não tem chances - diziam alguns colegas que fazem seguranças em outras casas.
- Eh quê? Vão apenas lhe prender. Vai apanhar um bocado, mas depois lhe soltam. Essas empresas são todas de generais. Então o quê?
- E não entram por quê esses polícias?
- Ehehe, estão mesmo a suar com medo do gajo.
- Nem vale à pena. Ele fez muito tiro, não deve ter mais munição.
As armas, diziam os colegas, pertenciam ao dono da casa, o tal general. Tentei saber o motivo da atitude do proteção pistoleiro. Estaria bêbado ou o quê?
- É assim, chefe. É muita frustração. Nós estamos aqui a trabalhar, não nos pagam. O Natal está a chegar e não temos dinheiro. Não veio salário, não veio décimo-terceiro, não veio nem um cabaz, chefe. É muita revolta mesmo.
Depois de meia hora, um Ninja mais corajoso entrou no quintal da casa. Saiu cinco minutos depois arrastando o proteção rendido pelo colarinho. Na mão esquerda, o Ninja carregava o AK 47. O proteção foi levado. Vai passar o Natal, sem cabaz nem dinheiro, na cadeia.
Uma bailarina de peso
Há 5 dias
2 comentários:
Pobre Angolano...mas é bom que os Srs do poder intendam que tudo tem um limite. Foi assim que depois de muito se aturar os colonos houve revolta...
Depois deste relato fica até irónico desejar Festas Felizes.
Pois: Estas aventuras(desventuras) do segurança do "general", são fruto de uma "gestão" doméstica no mínimo imcompetente! O Pedro Rosas é capaz de ter um pouco de razão, mas antes as coisas resolviam-se á bofetada, sem danos colaterais...
Enfim sinais dos tempos!
Jorge madureira
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