segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A misteriosas casas do deserto

Depois de almoçar um bacalhau mergulhado em azeite no Namibe, decidimos esticar mais 90 quilômetros até Tombua, antigo Porto Alexandre. É uma cidade ao sul do Namibe que foi um importante porto pesqueiro no período colonial. Hoje está em ruínas, com antigos prédios deteriorados e realmente pouca coisa para se ver.
No caminho, cercado por dunas, cruzamos alguns pequenos povoados. Há também um oásis. De novo nos fez falta a Dorotéia e lá não fomos capazes de chegar.
Mas o que mais nos intrigou, sem dúvida, foram as misteriosas casas em ruínas, famosas como Casas dos Cantoneiros, seja lá o que isso quer dizer.

Ao longo da estrada, a cada vinte e poucos quilômetros, aproximadamente, cruzávamos com uma dessas casas sem telhados, só as paredes antigas a resistir aos ventos de areia do deserto.

Alguns dizem que eram antigas lojas ali instaladas pelo governo colonial para povoar o caminho. Com a independência, acabaram abandonadas pelos antigos moradores. A guerra que começou em seguida desestimulou novos moradores de se instalarem em lugar tão ermo.

Continuam lá, a resistir às dunas que já tomaram até a entrada do cemitério de Tombua.

Moçamedes era o antigo do nome do Namibe, no tempo colonial


No caminho, cruzamos com essa árvore saída diretamente do filme "História Sem Fim"para o deserto do Namibe

6 comentários:

Afonso Loureiro disse...

Em Portugal e nas colónias, durante o período colonial, havia casas de cantoneiros ao longo das estradas nacionais.

Em cada uma havia uma brigada de cantoneiros responsável pela manutenção de um determinado troço de estrada.

Prestavam também auxílio a quem se deslocava e sofria avarias.

Com o fim do regime colonial foram abandonadas não só pela falta de interesse dos novos governos, mas também pelo seu isolamento as tornar alvos fáceis para os vários movimentos militares.

Nas fachadas, escrito em letras garrafais, encontramos sempre a distância quilométrica para a próxima cidade importante.

Algumas foram pintadas de azul turquesa e transformadas em controlos policiais.

Actualmente, as casas de cantoneiros de Portugal também estão abandonadas, por representarem um tipo de conservação tido como muito dispendioso e desnecessário face à maior mobilidade de máquinas e meios.

septuagenário disse...

Na Angola colonial nada era intrigante nem misterioso, porque embora o governo viesse de Lisboa, na realidade a vida em Angola era tão simples e tão cuidadosa que, chegava-se ao pormenor de, numa estrada com uma densidade de transito mínima, se investiu na construção de casas, para cantoneiros evidentemente, mas devido ao isolamento serviam para abrigo em caso de avarias prolongadas, pois nesse tempo não havia Celulares e podia eventualmente passar-se dias sem passar ninguem que nos socorrese.
E uma noite no deserto não é muito agradével, principalmente no tempo do frio e se houver uma tempestade de areia.

Gosto dos blogues brasileiros.

F. disse...

Afonso e Septuagenário, obrigado por sanar o mistério que eu já ia criando na cabeça dos nossos leitores. Tentei encontrar na web explicação para as casas, mas esta grande central de boatos chamada internet, muitas vezes, mais confunde do que esclarece. Um abraço.

Anônimo disse...

Puxa, eu também como Mwangolê aprendi essa da "Casa dos Cantoneiros" porque segundo a explicação de alguém do Namibe, eram casas dos brancos para passar as férias!!!!! Hi hi hi...
Ngasakidila Afonso e Septuagenário.
Viu F como foi bom seguir viagem até ao Namibe? Continuem e não se esqueçam da WELWITCHIA MIRABILIS.

Patyfendes

Flávia da Costa disse...

Caro F, com a partida do Greg você parece estar a caprichar mais nas fotos... Parabéns, estão lindas!
E sempre cheias de boas informações!

Anônimo disse...

Só mais uma achega:
Os trabalhadores eram chamados de cantoneiros porque eram responsáveis pela manutenção das estradas num "cantão"(área em que estavam divididas as estradas para efeito de conservação e limpeza)