Laura e Linda eram moças de bem com a vida. Ambas com filhos. Laura casada, com uma bebé. Linda, separada com dois filhotes. Nos meus primeiros tempos de Angola, cheguei a ficar umas semanas no escritório onde elas trabalhavam. Fora os chefes, era risota e converseta a tarde toda. Na certa. Um dia, contavam sobre a aventura da época das chuvas. Bem, esse ano foi fatal para muitas famílias. Algumas pessoas morreram e muitas ficaram sem casa.
Laura contava que a água entrou em casa. A bebé foi sentada na mesa. Depressa, a água foi subindo e a bebé foi sentada em cima da televisão, pousada em cima da mesa. Aquela primeira mesa onde a bebé foi sentada. A Laura continou a contar, sem nunca chorar ou mostrar qualquer expressão triste. Foi sorrindo até dizer que em certa altura, já não conseguia sentar a filha em mais lado algum, pois a água continuava a subir.
Linda era uma angolana alta. Alta e bem consitituída. Eu que sou uma garota alta, ao lado dela sentia-me uma anã, magrela. Linda contou, na mesma tarde, que os táxis não chegavam agora ao bairro dela. E para chegar a casa, teria de atravessar um curso de água que se formara pelas chuvas. Dizia ela que agora, os táxis eram outros. Alguns moços, atravessavam as damas às costas. Para que as damas não se molhassem. Andavam de calções, o dia todo a troco de 50 ou 100 kwanzas. Já não lembro bem. Num vaivém margem-margem. Troca de dama. Dá cá 50 kwanzas. Mais uma dama. Linda ria à gargalhada contando a hilária situação e queixando-se do preço exorbitante que eles cobravam. Maldosamente, pensei para mim que a Linda não era uma cliente desejada. Os moços deviam fugir dela ou então cobrar mais caro. Concerteza.
Às vezes esqueço-me e sofro por tudo o que todos os outros que não precisam de umas cavalitas para chegar a casa sem lama, sofrem. Mesmo tendo conhecido a Laura e a Linda.
Laura contava que a água entrou em casa. A bebé foi sentada na mesa. Depressa, a água foi subindo e a bebé foi sentada em cima da televisão, pousada em cima da mesa. Aquela primeira mesa onde a bebé foi sentada. A Laura continou a contar, sem nunca chorar ou mostrar qualquer expressão triste. Foi sorrindo até dizer que em certa altura, já não conseguia sentar a filha em mais lado algum, pois a água continuava a subir.
Linda era uma angolana alta. Alta e bem consitituída. Eu que sou uma garota alta, ao lado dela sentia-me uma anã, magrela. Linda contou, na mesma tarde, que os táxis não chegavam agora ao bairro dela. E para chegar a casa, teria de atravessar um curso de água que se formara pelas chuvas. Dizia ela que agora, os táxis eram outros. Alguns moços, atravessavam as damas às costas. Para que as damas não se molhassem. Andavam de calções, o dia todo a troco de 50 ou 100 kwanzas. Já não lembro bem. Num vaivém margem-margem. Troca de dama. Dá cá 50 kwanzas. Mais uma dama. Linda ria à gargalhada contando a hilária situação e queixando-se do preço exorbitante que eles cobravam. Maldosamente, pensei para mim que a Linda não era uma cliente desejada. Os moços deviam fugir dela ou então cobrar mais caro. Concerteza.
Às vezes esqueço-me e sofro por tudo o que todos os outros que não precisam de umas cavalitas para chegar a casa sem lama, sofrem. Mesmo tendo conhecido a Laura e a Linda.
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