terça-feira, 7 de outubro de 2008

Momento de Tensão

O enorme jipe tenta estacionar em 45 graus numa vaga em que sua largura não cabe e, com isso, pára o trânsito da Major Kanhangulo, na Baixa, quase em frente à ONU, às 10h30.

Dois carros nos separam do que está a manobrar. Todos irritados com a demora, a buzinar, quando um rapaz trajando camisa azul para fora das calças, mochila nas costas e boné na cabeça se aproxima do carro à nossa frente.

Eu e o A., do Diário da África, assistimos a cena toda. O rapaz começa a esmurrar a porta, o vidro. Ameaça tirar uma arma da cintura. A moça ao volante do carro se assusta, deita para o lado, mas não abre a porta. O gatuno está nervoso, ela também. Não sei se é intencional, mas ela acelera o carro e bate na traseira da caminhonete que estava parada à frente.

Foi o que a salvou. Os dois ocupantes da caminhonete saltaram para ver o estrago - que, afinal, não aconteceu - e o gatuno resolveu fugir. Saiu caminhando calmamente e passou bem ao lado do meu vidro, como se nada tivesse acontecido.

Se fosse no Brasil
Seria pior, eu sei. Ele jamais teria tentado uma assalto desse tipo se não estivesse verdadeiramente armado. E a resistência dela teria resultado em disparos e a provável morte da vítima. Mas, não se iludam, caros angolanos: é para lá que Luanda caminha se as autoridades continuarem a fechar os olhos a fingir que a criminalidade não existe.

4 comentários:

Migas disse...

Pois eu uma vez assisti a algo semelhante mas, que envolveu tiros mesmo. No fundo, eu acho que tenho tido muita sorte, nunca ter passado por um episódio menos simpático, face aos sítios por onde ando de vez em quando... Conheço uma pessoa que em 15 dias, foi assaltada duas vezes: 1ª ficou sem documentos, incluindo passaporte; 2ª ficou sem 600usd e como mostrou resistência, ainda apanhou... :o(

É preciso cuidado, meninos!

Anônimo disse...

É meus irmãos, está mesmo complicado. Como sair dessa? Polícia que se preza só anda atrás de gasosa, parece até que é parente de bandido.A minha companheira foi atacada ao pé do Cemitério, ao lado da Embaixada dos caméricas e levaram sob a ameaça de pistola os dois telemóveis.Não levaram mais porque tinha a mala, dos documentos e dinheiro, escondida na bagageira. Onde está a polícia de rua das eleições? Será que foram todos para deputados?

Carlos Alberto Jr. disse...

Passadas as eleições, os jornalistas estrangeiros foram embora. O trânsito está mais infernal do que nunca, a polícia pede mais gasosa do que nunca. Acho que devíamos começar um movimento anti-gasosa.

Beth/Lilás disse...

Olá, pessoal!
Primeiramente: O que vem a ser gasosa?

Sobre o assunto postado digo mesmo que estou cada vez mais perplexa com o que vocês narram do dia a dia deste país. Às vezes penso que as novelas brasileiras, mostrando a nossa violência urbana, tem sido de péssimo exemplo para este povo ainda em formação social. Uma pena!