Hoje acordei com aquela sensação de ano-novo. Dormi pouco, acompanhando a votação americana, e acordei com aquela injeção de esperança e otimismo que os anos-novos sempre me despertaram. Lá do outro lado do Atlântico, Barack Obama me encheu de entusiasmo.
Mas o que o novo presidente-eleito dos Estados Unidos representa para Angola?
Com seu slogan de campanha ("Yes, we can!"), Obama já conseguiu, antes mesmo de começar a governar, a incrível façanha de convencer as pessoas de que "sim, elas podem". E convenceu pessoas-chave:
-Os negros (americanos e não americanos), de que é possível um mundo onde as cores se misturam e pesam o mesmo na balança das oportunidades;
-Os jovens, de que política é coisa deles sim, e que há um mundo inteiro esperando por eles pra ser mudado.
-Os idealistas, de que sua batalha não está vencida e que a democracia nem sempre serve aos interesses dos poderosos;
-E finalmente a África, que pela primeira se vê representada nos genes e nas preocupações de um presidente americano, de que o continente tem tudo para deixar de ser o patinho feio do mundo.
Obama me emocionou com seu discurso dessa madrugada. Lembrou-nos de como um país deve ir muito além de uma coletividade de individuos. Deve ser uma unidade de pessoas que olham umas para as outras. Lembrou que temos histórias diferentes, mas um mesmo destino. Que enquanto respiramos, temos esperança.
E, principalmente, convocou os americanos e o mundo para um novo espirito de trabalho, baseado na responsabilidade, nas alianças, na esperança, na liberdade e na paz. Espero que o discurso ecoe em Angola, pois este país precisa como ninguém de todos esses valores.
Repito sua pergunta: Que mudanças veremos daqui a 100 anos?
E parafraseio também sua resposta: Cada um de nós é responsável por cada uma dessas mudanças, a cada dia, em cada ato.
Posso ser idealista, mas ainda acredito que a arma mais poderosa que temos é o BOM EXEMPLO. E é de exemplos como Obama que o mundo mais precisa neste momento.
Uma bailarina de peso
Há 5 dias
13 comentários:
Cara, vc está no Comunique-se.
www.faxinageral.blog-se.com.br
Parabéns pelas palavras!
Claro que não dormi, fui-me deitar às sete da manhã, hora de Portugal, país onde ainda faz sol, chove, mas já também faz frio.Cá para nós, espero que os tugas não me estejam a ler, este país, não deixa de ser quase africano, ou seja, é um país africano na Europa. Se houvesse uma nova Conferencia de Berlim que dividiu a África com régua e esquadro, Portugal seria incluido no continente africano, encostado, logo ali, ao Marrocos. Ou seria um enclave, como Cabinda. Mas já estou a derivar, que me interessa a geografia se o Obama ganhou e o seu discurso também me comoveu. Realmente, os states são mesmo um país das "arábias", tudo pode acontecer e o que aconteceu merece que se fale dele a toda a hora, sempre, um exemplo deste não é para qualquer mentalidade. E eu que nunca gostei muito dos gringos do norte (também há gringos na América do Sul).E agora, vou fazer mais como então? A velha América do Norte está, felizmente, a desaparecer, as novas gerações deram uma lição ao mundo pôdre da Europa e de outras partes do globo. Viva a nova América. Colocar um mulato na presidência do maior país do Mundo a todos os níveis, de grande maioria branca, e que brancos!, é obra.
puxa, não conheço a P.nem nenhum dos moradores da Casa, mas pelo que as mesmas pessoas normalmente escrevem, consegue-se ter uma ideia muito precisa de como elas são na realidade.
...é muito dificil encontrar pessoas raras como a P.
Parabéns pelo post. Está divino.
Na minha singela opinião, apesar dos EUA terem conseguido eleger um negro para presidente (e PARABÉNS AMÉRICA!), continuo muito céptica que isso possa acontecer nas próximas décadas na Europa. É demasiada democracia para os europeus. E os europeus, mesmo que o neguem, não conseguem olhar o negro como um igual. Tirando um ou outro país da europa mais desenvolvida.Aliás, passa-se o mesmo em África ( e arrisco a dizer que talvez isso tenha sido uma das tristes heranças dos colonialismos). Da mesma forma que é impensável um presidente negro na europa, também é impensável um presidente branco em África..
Nesse aspecto, tanto Europa como África, têm muito ainda que crescer...e, apesar dos pesares,o Brasil está muito mais perto dos EUA, nesse aspecto. Oh se está!!
Fiquem bem
FC
Realmente, vale a pena "arriscar" dizer Viva a Nova América!. Vendo a determinação, coragem e confiança com que o Obama se apresenta e se expressa diante do seu povo, só faz recordar MARTIN LUTHER KING.
E quanto aos bons exemplos a seguir, aiuêê Ngola, hummm, enfim. Angola não precisar atravessar nenhum oceano para agarrar os bons exemplos, basta apenas atravessar a fronteira terrestre e ir colher o que há de bom em alguns dos paises africanos, que com a sua "pobreza em recursos naturais" conseguem, com a sua simplicidade e pacatos recursos, dar uma "chapada sem mão" a nós Mwangolês - digo os Nguvulos - que ao invés de resolverem os problemas do POVO resolvem sempre e sempre os problemas DOS SEUS BOLSOS.
Sdções,
Patyfendes
P., eu também me emocionei com o discurso do Obama sendo transmitido ao vivo por todas as TVs. Kisumu, no Quênia, onde estou agora, parou para assistir. E em seguida, às pessoas saíram às ruas para celebrar. Eram 8h da manhã aqui. Para quem não sabe, o pai de Obama nasceu em Kogelo, uma vila a 60 km de Kisumu. Não por outra razão que passei esta semana aqui. Vim conhecer a avó postiça dele. Bjs.
Para o bem ou para o mal, como sempre os Norte Americanos, vão à frente fazendo a diferença.
Mas, embora se insista que Obama é um negro, será que ao ganhar as eleições na terra da mãe, tambem as ganharia na terra do pai?
Mas o mundo vai mudar com os americanos à frente.
Queira desculpar septuagenário mas essas dúvidas são mais do que metódicas... exalam a desconfiança e insegurança relativamente à mudança!
África só não avança e muda porque os velhos do Restelo da Europa continuam a manobrar mesmo que os governantes dos países africanos sejam negros...mas por dentro muitos deles são tão brancos quanto os mandantes europeus! Até dá gosto ter quem lhes faça o favor de orientar a vidinha sem dar a cara!
E na Europa...quando é que um negro ou asiático (descendente) pode vir a ganhar um plebiscito para presidente ou primeiro ministro?
Será que não os há com qualidades para isso?
Será que só servem para futebol, música e pouco mais?
Obrigada pelos comentários, pessoal! Tão bom saber que está cheio de gente idealista por esse mundo...
Paty, concordo 100% com vc que a África está cheia de bons exemplos. Falta só lhes dar o devido valor!
Obrigada Wilborghi pela citação no Comunique-se.
Kandada, eu estendo essa sua pergunta ao Brasil. Lá, também, os negros só têm chances de melhorar de vida no futebol e na música. Infelizmente, é uma triste realidade.
Kandanda, não precisa pedir desculpa, porque assino tudo o que afirma, e até reforço algumas afirmações suas: como "dúvidas" pode chamar "certezas"; e onde diz "velhos do restelo" continuam a manobrar os governantes, pode dizer que "novos e velhos do restelo" mas não só da europa, continuam a usar os "cipaios" mas dão-lhe outros nomes.
Viva Obama! A sua eleição foi uma bofetada de mão branca!
Rolando
Obama para já é igual a lula quando ganhou as eleições, ia virar tudo do avesso afinal a montanha pariu um rato colado ao grande capital e a dar um cestinho aos pobres, espero que o homem não seja igual e que pelo menos faça o que os europeus nomeadamente aqueles que se houvesse conferencia de Berlim estavam em africa junto a Marrocos têem, tenham todos os americanos direito a seguros de saúde nem que seja o estado a paga-los e não seja como nesse pais que se houvesse a tal conferência ficaria encostado a França ou a Inglaterra ou até à Alemanha embora eu preferisse que não estivessem junto deste pais pois eles tem pouca paciência e seriam capazes de vos empurrar ai para os lados da América latina onde mais de 70% das pessoas ou são pobres ou vivem no limiar da pobreza. Quanto a Marrocos ainda não deve ter visitado mas faça pois é uns pais com um povo hospitaleiro e tem história milenar. Olhe que esses também não são façeis de mandar abaixo pois tem calo no dito.
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