O sol descia acelerado no horizonte e tingia tudo de laranja. Mas o que pulava na janela do candongueiro apressado ia muito longe de uma paisagem bucólica. Borradas pela poeira vermelha, ruas de terra tentavam engolir as camadas de lixo que as cobriam; córregos de águas paradas e esverdeadas de esgoto empestavam o ar com seus ácidos azedos; edifícios destruídos pelo excesso de gente e falta de união escondiam qualquer horizonte; milhares de pessoas circulando, vendendo, comprando, vivendo, sobrevivendo. E a brincar em meio a todo esse caos, crianças descalças e remelentas, o futuro de Angola, de barrigas inchadas de vermes.
O “Apocalipse Now” africano, como observou a P. Bem ali, na Praça dos Congoleses, a cerca de dez quilômetros dos arranha-céus moderníssimos que estão a subir na Baixa de Luanda. Um mundo que jamais se diria pertencer a um país tão rico em petróleo e diamantes.
A quem achava que Luanda era uma das piores cidades do mundo para se viver, a Praça dos Congoleses veio lembrar que o poço nunca tem fundo.
Uma bailarina de peso
Há 5 dias
2 comentários:
Essa distorção gritante é para acentuar a dificuldade do ser humano em perceber a própria dificuldade do equilíbrio de suas ações, querendo sempre socializar o que é dos outros e mantendo seu próprio capital. Tudo isso por absolutamente nada. O poder dos políticos evidencia a necessidade de expor os próprios egos em detrimento da solução de problemas básicos da sociedade que dirigem.
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