Até 1990, Angola era um país comunista clássico. Toda a atividade econômica estava nas mãos do Estado, os cidadãos tinham cotas de suprimentos básicos etc. Eu, que fui criado dentro da cultura diferente, sempre associei esse modelo de organização social a uma coisa triste, desesperançada. Se calhar, fruto da propaganda capitalista.
J., o mesmo do post abaixo, viveu o comunismo na infância e tem uma visão bem diferente do que foi aquilo:
"As pessoas eram mais humanas, havia mais afeto mesmo, entre os estranhos. Se eu parasse na estrada, a caminho da escola, logo parava uma viatura e me oferecia uma boléia. Hoje? Iam é me atropelar. Só vais no carro se der algum dinheiro. As pessoas pensam só em si. Naquela altura, tínhamos os sábados vermelhos, onde todos se uniam para fazer a limpeza dos bairros, das ruas, eram momentos em que as pessoas se ajudavam umas às outras. Quase não existiam gatunos, você podia deixar a viatura aberta na rua. Mas, agora que somos uma economia de mercado, todo mundo só pensa em si próprio, em acumular riqueza passando por cima dos outros. Não estou a dizer que aquele modelo económico era melhor, tinha muitas falhas. Mas, do ponto de vista da união entre as pessoas, epá, isto aqui era outro país."
Uma bailarina de peso
Há 5 dias
3 comentários:
Não se pode ter tudo.
Desenvolvimento é o que todos pedem.
E muitas vezes desenvolvimento é sinal de confusão.
Viva Angola com petroleo nos pipe-line mas sem sangue nas ruas.
Mas amigo os (...)ismos têm faces diferentes...uma de sedução melifica hilariante de contextos ideológicos e outra de obsessão materialista que perverte a ética e a deontologia da natureza humana. Por isso, a democracia (não sendo a perfeição nem a sublime segurança da sociedade e dos seus Homens)é ainda assim o melhor contexto de convivência social.
Só fico surpreso porque essas lembranças me parecem um tanto quanto romantizadas em um país que viveu sob guerra civil, angolanos vs. angolanos.
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