quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Manuel de Oliveira estreia-se em grande na blogosfera com texto sobre disputa de Kuduro


Um dos grandes e inesquecíveis amigos que fiz em Luanda foi o jovem jornalista Manuel de Oliveira. Tímido no começo do convívio, com o passar do tempo ele revelou-se um talento nato para escrever sobre cultura em geral, gastronomia e traçar perfis. 

Nesta minha última participação na Casa de Luanda, gostaria de compartilhar com vocês o último texto de Manuel que caiu em minhas mãos e que não deu tempo de vê-lo publicado no jornal onde ele trabalha. É sobre um grande show de Kuduro que aconteceu no dia 27 de dezembro no Cine Altlântico.  

É uma preciosidade que adoro reler sempre para matar as saudades da cidade, do seu ritmo mais característico hoje e desse amigo querido chamado Manuel de Oliveira.

Adeus a todos!
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Kuduro vence na batalha entre Rangel e Sambizanga

Manuel de Oliveira

No passado dia 27 do mês corrente o Cine Atlântico registou uma avalanche de adeptos e admiradores do estilo musical Kuduro. O motivo de tal aderência foi a batalha musical e dançante entre os municípios do Rangel e do Sambizanga, em Luanda, sob o lema Makas na Sanzala.

Mais de 2 mil ingressos foram vendidos. Antes das 18 horas, o local da festa encontrava-se completamente lotado e mais de 10 mil pessoas ainda estavam de fora daquele recinto.

De um lado, músicos do Rangel: Puto Lilás, Vaga Banda, Magnésio, e Puto Prata. De outro: Os Calunga Mata, Xtrubantu, Tchú K e os Lambas, representando o Sambizanga. Como convidados, Agre G e Bruno M.

A noite prometia um grande espectáculo de Kuduro nunca visto até então em Angola. Para que tudo acontecesse na harmonia desejada, a Polícia Nacional esteve presente com três unidades: Canina, Auto e PIR (Polícia de Intervenção Rápida). No total, mais de quarenta polícias estavam preparados para que tudo acontecesse sem que houvesse transgressões as normas de convívio público.

O espectáculo foi marcado por muita euforia e ânimos acima da média por parte daqueles que queriam ver seus admiradores a dar espectáculos e a verem-se com vencedores. O público vibrava ao ouvir os insultos tanto do Rangel quanto do Sambizanga. “Kinama que bate na filha” e “Panina Cabeludo” foram os nomes chamado ao longo do espectáculo pelos Lambas ao Puto Prata e Puto Lilás. Os mesmos repostavam dizendo “Desgraçados que andam a pé” e “Matumburiçados irreversíveis”.

Segundo o director geral da Independente Universal Produções, empresa organizadora do espectáculo, a iniciativa surge como um socorro de algumas perguntas nas várias periferias de Luanda acerca de quem são realmente os melhores fazedores de Kuduro no país. “O espetáculo foi como uma prenda de fim de ano para o povo angolano. Pretendemos, ao ano que vem, realizar um outro espectáculo de Kuduro no Estádio da Cidadela para que possamos evitar a enchente que aconteceu no Cine Atlântico”, ressaltou. 

Independente da disputa entre os bairros, o Kuduro venceu e mais uma vez foi notório que é um estilo de massa, uma manifestação cultural e ninguém pode tirar isto ao povo angolano. Ainda há quem diga que é coisa de delinquente, porque o ritmo vem das periferias e é feito por jovens com nível de escolaridade baixo. Mas esse som frenético, dançado loucamente, ainda vai ser muito falado ao redor do mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acredito que a diversão é importante nas nossas vidas, e essa de "kuduristas" uma grande demonstração de talento por parte da juventude angolana. Agora é preciso não dormir e acordar ao som do Kuduro.
Para quando a desputa entre Rangel e Sambizanga do Município mais limpo, ou com escolas com melhor aproveitamento escolar??? Isto também terá que ser a juventude a fazer pois os kotas têm outra "agenda"!!!!