Nosso Grande Dicionário Angolano estava a cometer uma grande injustiça, deixando de fora aquela que é, de longe, a palavra mais popular de Angola: o COISO!
Herança portuguesa, o coiso é bem diferente da coisa. É coringa que nem ela, mas cabe num número muito maior de situações. Tem mais personalidade, é mais simpático e exercita nossa capacidade de abstração! Além de tudo é democrático, usado sem distinção por todas as classes. Olha só a conversa que roubei ontem:
_Ei, Coiso! Vem cá.
(o Coiso vem)
_Então você leva o coiso lá no coiso?
_Levo sim, madame. Onde é que fica o coiso mesmo, madame?
_Pois não conheces o coiso? Fica mesmo ali no coiso. Olha: sabes o coiso da Zambia? É a descer do coiso. Se fores no sentido do coiso, descendo do coiso, vais logo encontrar o coiso.
_Ah, é mesmo no coiso?
_É mesmo no coiso!
_Ah, pois tá. Já estou a levar.
E não é que eles se entenderam?
(Prometo investigar se o Coiso conseguiu chegar ao coiso e trazer o coiso para a madame.)
Uma bailarina de peso
Há 4 dias
15 comentários:
O coiso já me tinha perguntado se o coiso do dicionário tinha ficado esquecido. Afinal o coiso não tinha razão, com o nosso coiso, o coiso voltou a crescer. Logo se o coiso me deixar, vou fazer o coiso ficar "mais grande".
"tasse? Ya, tudo na bi."=Tudo fixe?Sim, tudo numa boa.
Bom fim de semana com o coiso.
Ahahahah... Realmente estava a faltar! No meu projecto tanto o "coiso", como o "quê" e o "mambo" eram palavras muito utilizadas! Também é comum dizerem: foste lá no quê? Ahahah
Assim de repente, acho que nem sempre eles realmente se entendem mas vale a pena tentar ver se o coiso chegou ao coiso...:o)
Outro termo que eu também já me lembrei que um dos meus ex-trabalhadores me ensinou foi "bokar". Não sei se é assim que se escreve mas queria dizer estudar. Vinha de "book". Ele dizia: ainda vou voltar a "bokar".
Foi uma pena esta vossa "casa de luanda" ter chegado numa altura em que eu mudei de projecto (algures numa das fotos lá em baixo, com gruas...ahah) porque lá eu tinha autênticas perolas! Meninos educados e que adoravam conversar comigo e contar-me coisas da vida. O engraçado, era que, ao contrário do que eu sempre ouvi dizer, nunca nenhum me pediu um tostão! E sempre bem educados comigo apesar de serem todos do cazenga e sambizanga. De vez em quando pagava-lhes uma gasosa e eles ficavam em extase! ahah Muitas saudades me deixou aquele grupo de 5/6 jovens.
Beijos
Migas: bucar, conheço como transmitir um segredo, falar de outrem, agora esse bokar, para mim é novo.Como o coiso me acordou, aí vão mais uns palavrões suburbanos:
-Galar=namorar, ver se a dama dá atenção
-cair na noite=sair à noite na gwenda(farra, noitada)
-rapina=assalto, roubo violento
-kilharam=lixaram
-Cinco da matina=cinco horas da manhã
-bemba=feitiço
-buamados=espantados
-kibucas=putas
-paiar=aldabrar,tramar, pode até querer dizer matar.
-Rancheira=prostituta,(não é muito usual)
-Tranco=fazer amor
-Bazaruka=charro
Bom coiso de semana
O meu comentário acima saíu anónimo, não sei como o coiso sucedeu. F, rectifica, please.
Coiso rectificado, Fernando. Abs.
Oi pessoal, sou o Diogo, estou com 18 anos. Tenho acompanhado esse blog e aprecio bastante. Dizer que se diz ``bukar`` e não ``bokar``, que significa estudar( vem do inglês ``book``). Estudar em Angola também se diz ``amarrar`` ou ``rijar``.
Ahahah... 'tá fixe Diogo! :o) Afinal existe o tal bukar! O senhor "cabeça" não me enganou!!
Me diz Miga, pelo tempo que estás em Angola será que já tiveste oportunidade de ir á uma festa( boda) com música angolana, e o que achas da música e a forma como se dança em Angola?
Tá bater...
Tirosa...
Nossa! Não entendi nada do diálogo! Haha! É português mesmo, é? :)
Monandengue Diogo, eu não disse que bokar não existe, disse que não conhecia. Por outro lado, a minha geração é outra, portanto há termos que não são aplicados por nós em sintonia. Tasse? Mungwé
Ohohoh... Estou cá à cerca de ano e meio e nunca fui Diogo, porque nunca tive nenhum convite. Um colega angolano já me tinha perguntado isso mas, o que é certo é que ambos concordamos que teria de ir bem acompanhada (leia-se por angolanos). Até agora, nadica de nada. Mas gosto bastante de ver o angolano (e a angolana, claro) dançar. Aliás, no meu consciente, se calhar não vou porque sei que iria fazer triste figura! ahahah
Beijos
Migas, nós aqui da Casa de Luanda também nunca fomos a uma boda angolana. Se o Diogo se dispuser, pode levar a todos nós.
..........já estou tendo que pensar para ler, quem sabe, fazer um curso rápido...rs
muito animados andam vocês aqui no coiso do quê... aiai...do quê...do F.
Genial esse diálogo!
Celina
Postar um comentário