Essa é uma boa notícia.
Em 2003, o número de internados havia sido de 3 milhões, tempo em que a maioria dos doentes sequer procurava ajuda. O tratamento era pago, custava caro e só ia parar nos hospitais quem entrava em coma.
Em 2006, o governo de Angola decidiu fazer o que o Brasil até hoje não fez em relação à dengue: atacar o problema com seriedade.
Aprovou uma lei tornando o tratamento gratuito para todos, passou a usar o Coartem, o medicamento mais eficiente contra a malária no momento, e buscou apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, para trabalhar a prevenção.
Desde então o Unicef já distribuiu 1,8 milhão de mosquiteiros impregnados no país. No ano passado, 215.500 crianças com menos de 5 anos e 27.300 mulheres grávidas foram curadas com Coartem.
Resultado: o número de mortos caiu de 30 mil, em 2003, para 7 mil no ano passado. E a malária deixou de ser a primeira causa de mortalidade infantil nas maternidades de Luanda.
A seguir, a Casa de Luanda apresenta gente comum que está ajudando Angola a vencer essa guerra:
O vigilante Tomás
Laurindo Tomás se orgulha de ser vigilante da Saúde. O programa foi implantado no ano passado pelo governo provincial de Luanda, que se baseou no modelo brasileiro de agentes comunitários. Tomás ganha 4 mil kwanzas por mês (US$ 53) para visitar 100 famílias perto da casa onde mora, no Bairro Boa Esperança, em Cacuaco. Ensina noções básicas de saúde, encaminha doentes ao posto médico, consegue mosquiteiro para as grávidas e garante que os bebês recebam as vacinas. Soma-se a outros 1.669 vigilantes em seis municípios.
O médico Pascoal
Domingos Pascoal dirige a Unidade Sanitária de Cacuaco, posto de saúde para onde correm todos os doentes em busca de tratamento. Antes, vivia uma rotina de emergência, pois os infectados por malária só chegavam ali em estado crítico. Hoje, graças aos agentes de saúde e à gratuidade do tratamento, o posto vive mais cheio. Mas Pascoal não se queixa. Agora, pelo menos, ele consegue curar mais gente.
A mãe Maria
Mãe de sete filhos, Maria Cecília João Miguel teve malária na última gravidez. Foi encaminhada por Tomás para o posto de saúde dirigido por Pascoal e recebeu o tratamento. Tomou religiosamente os 15 comprimidos e livrou seu filho contrair a malária congênita – transmitidas da mãe para o bebê, as toxinas do plasmódio falcíparo impedem o desenvolvimento do feto e provocam sua morte no nascimento. O bebê de Maria nasceu saudável, há cinco meses, e hoje eles dormem sob um mosquiteiro impregnado doado pelo Unicef.
A médica Alexandra
É uma das coordenadoras do programa na Direção Provincial de Saúde de Luanda, interface do governo com o Unicef. Luta para que as direções municipais entendam a importância dessa guerra contra a Malária.
Os cearenses Carlile e Miria
O médico cearense Antonio Carlile Lavor e sua mulher, a assistente social Miria Lavor, se mudaram para Angola para treinar os vigilantes de saúde de Luanda. Eles são os pais do programa brasileiro, cujo primeiro piloto Carlile implantou em Planaltina (DF) em 1975. Depois disso ele voltou para Jucás, sua terra natal, levando a idéia no bolso do jaleco. De lá ela foi ampliada para o Ceará, depois para o Nordeste Brasileiro (já com a chancela do Unicef) e finalmente para todo o país. Hoje o Brasil tem 220 mil agentes de saúde. Os dois foram contratados pelo Unicef como consultores do programa em Luanda.
8 comentários:
F. por coincidência, vi na tv um medicamento novo para a malária, desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz. Como foi rápido, não peguei detalhes, mas trata-se de uma grande descoberta. Vou verificar e te envio.
Parabéns pela reportagem do Estadão.
chr
Oi, F.,
Legal que o governo de Angola esteja atacando o problema com tanta eficiência. O governo brasileiro ainda precisa mesmo atacar a dengue de forma concreta, como já fez com os excelentes programas para portadores de HIV (serviu de modelo para vários países), diabetes e hipertensão (pressão alta). Fora isso, há muitos programas que as pessoas sequer sabem que existem... E muitas vezes, eles funcionam, mas não são divulgados, infelizmente.
Vocês já ouviram falar do bednet. com? Será que estão ajudando Angola também? Bjs procês.
São estas notícias e estas boas reportagens que fazem suportar o orgulho em ser Angolana.
O problema do paludismo na nossa terra é um problema grave.O apoio internacional é desejável e o Brasil tem em muito contribuido para a sua irradicação. Boa reportagem.
O problema do paludismo na nossa terra é um problema grave.O apoio internacional é desejável e o Brasil tem em muito contribuido para a sua irradicação. Boa reportagem.
CHR, eu tinha lido alguma coisa sobre o novo medicamento no Jornal de Angola, mas ele diziam que seria uma vacina. A verificar.
Mirella, nos lugares em que estive, as pessoas com quem conversei estavam recebendo tratamento e mosquiteiros de graça. Mas já ouvi histórias de que a cobrança de gasosas continua acontecendo em hospitais da capital.
Paty, não conheço o Bednet, que eu saiba não estava envolvido com esse programa de Cacuaco. Vou procurar informações.
Kianda, além desta, vocês têm muito mais coisas do que se orgulhar.
Pois é Fernando, o Brasil pode ajudar. Mas acho que deveria também aprender com o exemplo de Angola na hora de atacar a dengue. Faz anos que lidamos com casos da doença no Brasil e as autoridades brasileiras sempre a empurrar com a barriga, fingindo que é um problema menor. Até que este ano estourou de verdade.
Meu pai estava na Africa em Luanda pela empresa odebrecht, ficou por la 1 ano e meio quando voltou estava com malaria e nao sabia ela afetou seus orgãos causando falencia multipla deles e ele acabou morrendo. Sempre vou me lembrar disso como um ato de inresponsabilidade da empresa pois existe um teste de malaria que é feito rapidamente o o resultado é imediato, porque os funcionarios nao sao obrigados a fazer o teste antes de sair do país ? Meu pai veio para casa sentindo todo o sintoma mas aqui no Brasil a malaria nao é vista como na Africa, mesmo a gente pedindo muito nos hospitais para que fosse feito o teste ninguem fazia porque nao tinham experiencia nesse caso nao sabiam nem fazer o teste, so ficavam pedindo para esperar a doença se evolui para ver o que poderia ser feito, pensaram ate mesmo em voltar com ele para a Africa . Peço um pouco mais de responsabilidade meu pai veio para o Brasil podendo esta trazendo este virus da malaria Africana para ca fazendo com que outras pessoas podessem contrair a doença através de um mosquito que picasse ele e picasse outra pessoa . Cade a responsabilidade ? A malaria na Africa é vista como uma gripe no Brasil; Se tivesse feito o teste talves ele ainda estaria vivo !
UM TESTE . .
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