Eu ando feliz. A sério que ando. Pois a minha mudança de casa vai trazer melhorias para a minha vida em Luanda. Mas, não há bela sem senão. Isso eu ja sabia. Ter água, luz, segurança, sossego, privacidade são factores difíceis de reunir numa só casa. Uma das coisas que trouxe da outra casa, foram os meus vasinhos com ervinhas aromáticas. Nas minhas últimas férias, providenciei uns saquinhos de sementes e trouxe para plantar por cá. No total, plantei 5 espécies: rosmaninho, salsa, cebolinho, tomilho e oregãos. Comprei os vasinhos em plástico cá. Baratinhos, baratinhos. Após duas noites na nova casa, os vasinhos já andam certamente por outra morada. Deixei-os fora da porta e das grades das janelas. Depois da minha cara de bambi angustiado, o meu querido M. perguntou-me: porque achas que tens grades nas janelas? Ok. Eu sei que não será escolha do arquitecto do tempo colonial. Mas, os meus vasinhos? Tão pequenos, tão insignificantes, tão despidos. Sim, porque as ervas aromáticas nem sequer tinham dado um ar da sua graça. O que eu via eram umas ervitas pequenitas e nem conseguia perceber se eram os filhotes das aromáticas ou, daninhas parvas. Mas a mim tinha-me dado gosto ter plantado e agora ver nascer alguma coisa. Mesmo que eu não soubesse o que era. Humpf. É a vida. Fico sem saber, a razão de terem levado os meus vasinhos mas arrisco nas seguintes opções:
1. Foi pelo valor? Nãããã... Mas então os vasos custaram 30 Kwanzas cada!
2. Foi por curiosidade? Para saberem o que era teriam de fazer uma análise profunda, lá em casa deles?
3. Foi para entregar à polícia? Será que pensam que sou vendedora de ervas ilegais, daquelas que se fumam?
4. Foi por maldade?
5. Foi uma espécie de praxe para os novos moradores do prédio?
6. Foi por prazer? Por vício? Para lixar o pula?
À uns tempos em Caboledo, depois de o M. virar costas para abrir a carteira e pagar aos pescadores, o moço disse-lhe: pode estar à vontade, isto não é Luanda. Há gestos insignificantes que me fazem pensar que por vezes, isto é muito mais complicado do que me parece. Ainda se fosse algo caro, que pudessem vender e fazer dinheiro, ficava chateada mas, compreendia. A sério de compreendia. Ainda se fosse uma plantação de bananas, de alfaces ou batatas, também compreendia. A sério que compreendia. Agora uma merdita que nem sequer eu sabia bem se algum dia me iria dar utilidade! Quanto mais a quem os levou, que nem deve saber do que se trata. Desculpem-me os leitores que consideram que estes episódios também acontecem noutros países mas eu, definitivamente inclino-me para a última opção: é já vício e, deve dar um prazer danado, roubar o pula. Ao senhor ladrão de vasos um conselho: vá regando com frequência mas sem encharcar, ok?
Uma bailarina de peso
Há 5 dias
5 comentários:
Pobre Migas, lamento a perda das ervitas. Eu e a P. também queríamos plantar na nossa casa do campo, ela até comprou sementes e tudo, mas mal temos água para os banhos, que dirá para regar a lavra...
Digamos que não é uma perda com muito significado, F. Só me deixou aborrecida porque tenho a certeza que não terá utilidade a quem a roubou. Mas serviu para aprender. Não dá para confiar, mesmo!
Eu também tinha esses problemas nas outra casa. Ora agora era da água, ou a seguir da luz, ora depois da bomba, ou então do gerador. Credo! É quase impossível ter uma semaninha descansada sem que um destes problemas aconteça. Ou então, na pior das hipóteses, acontece mais do que um, na mesma semana! Báááááá
Beijos
P.S. E já agora, a P. comprou as sementes cá?
Não, ela encomendou a amigos que iam passar por África do Sul.
Bjs
P.S. - E o nosso encontro? Fracassou de novo...
Pois aqui no Brasil, isto também ocorre em certos lugares.
Não consigo entender porque roubam as coisas, quanto mais uma coisa sem valor, portanto o que você disse é mais do que acertado - roubam por roubar - talvez, por não saberem fazer outra coisa. Pobres diabos!
Em Angola, o mais difícil são os primeiros 20 anos...depois é tranquilo! experimente.
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