sexta-feira, 4 de abril de 2008

Dia da Paz - Parte 3: A paz, aos trancos e barrancos

Em 1991 o cenário político internacional obrigou as três forças a assinarem o primeiro tratado de paz. O Apartheid havia sido abolido no ano anterior e à África do Sul não interessava mais financiar a Unita; a FNLA havia perdido todo seu apoio com o fim da Guerra Fria e o mesmo aconteceu com o MPLA com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Em 1992, foram marcadas eleições livres. Holden Roberto recebeu apenas 2,1% dos votos, retirou-se de cena e viveu em Luanda até morrer, no ano passado. Jonas Savimbi ficou com 40,07%. E José Eduardo dos Santos, sucessor de Agostinho Neto (que morreu em 1979), foi reeleito com 49,57% dos votos.

Savimbi não aceitou o resultado e retomou a guerra civil. Outros tratados de paz foram tentados e quebrados sucessivamente, até que as Forças Armadas Angolanas mataram o líder da Unita, em fevereiro de 2002.

Em 4 de abril do mesmo ano, foi assinada a paz. José Eduardo dos Santos continua no poder até hoje. A Unita se tornou um partido político e ganhou alguns ministérios no governo. Foram marcadas novas eleições parlamentares para setembro e, no ano que vem, as presidenciais. Dizem que o presidente não vai concorrer.

Mas isso, só o futuro dirá.

5 comentários:

Anônimo disse...

Olá F. e P., eu ainda não havia me manifestado porém tenho acompanhado os posts frequentemente. Na semana passada pensei muito em vcs ai... assisti ao filme "Diamantes de Sangue" que se passa em Serra Leoa e fico imaginando o que esse povo daí também não deve ter sofrido, e ainda sofre, com tanta violencia. Que com essa data comemorativa, as pessoas dai se unam para reconstruir o país..quem sabe. Parabéns pela atitude de vcs de se arriscarem por um ideal ao invés de só imaginar o que poderia ser feito. Se cuidem. Beijos, Raquel

Anônimo disse...

F. parabéns pela lição de história, narrativa que nos permite enxergar a cristalização dos acontecimentos.
beijos.
CHR

Viver em Luanda disse...

Caros F. e P.

Não sou profundo conhecedor da história local, mas pesquisei esses temas quando aqui cheguei.

Dois pontos para esclarecer: A 29 e 30 de Setembro de 1992, 91% dos cinco milhões de eleitores inscritos votaram nas primeiras eleições livres e democráticas da história de Angola.

Na primeira volta, José Eduardo dos Santos obteve 49,57% dos votos, e o seu principal rival, Jonas Savimbi, 40,07%. O terceiro candidato "histórico", Holden Roberto, não passou de 2,11% dos votos.

A UNITA rejeitou então o veredicto nas urnas e recorreu às armas sem esperar a segunda volta das eleições que havia de desempatar José Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi. Assim proclamaram o atual presidente como vencedor.Apenas muitos anos depois foi que a UNITA aceitou o actual presidente como vencedor daquelas eleições.

Os acordos que levaram aos entendimentos para a independência da Angola (Acordo de Alvor) estabelecia o 11 de novembro 1975 como a data para a proclamação da independência de Angola.

O mesmo acordo estabelecia um governo de transição em que uma presidência seria exercida por um Colégio Presidencial constituído por três membros, un de cada movimento de libertação (FNLA, MPLA e UNITA, havendo também uma divisão dos ministérios entre eles.

Actualmente, de acordo com a Constituição, o Presidente da República, ouvido os Partidos Políticos representados na Assembleia Nacional, nomeia o Primeiro - Ministro. O Primeiro-Ministro forma o Governo que é responsável politicamente perante o Presidente da República e a Assembleia Nacional.

O Presidente da República preside às Sessões do Conselho de Ministros e ao Conselho da República, seu Órgão de Consulta.

O Primeiro-Ministro dirige a acção geral do Governo, coordena e orienta a actividade de todos os Ministros e Secretários de Estado, representa o Governo perante a Assembleia Nacional e a nível interno e externo.

O Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, como o nome o diz, é composto por elementos provenientes de diversas formações políticas. Todos os ministros, independentemente do partido a que pertencem, têm tratamento igual e acesso a todas as questões, sendo as suas vozes escutadas nas questões que aos seus pelouros dizem respeito.

Ou seja, mesmo durante o período da guerra a UNITA participava do Poder Executivo, por mais estranho que isso possa parecer.

Saudações,

F. disse...

Raquel: a gente não tá se arriscando tanto assim não...
CHR: obrigado pelo apoio. A P. acha essa minha veia histórica muito prolixa... Bjs
Viver em Luanda: obrigado por enriquecer este post com suas informações. Abs.

Anônimo disse...

F.,
Vou te dizer que História não era minha disciplina preferida na escola. Eu sempre preferi matemática, biologia e química, e lutava pra passar em Historia com uma média decente.
Mas hoje em dia, com a idade chegando (ai, ai), comecei a ver que há momentos em que se não tentarmos entender o porquê através da história, nos tornamos completos ignorantes.
Acho super válida a sua iniciativa, os posts foram sucintos e esclarecedores. Que venham outros, pois estou adorando aprender todos as nuances de Angola! :)